Tenho estudado muita estatística e processos decisórios e é muito comum ver como a aleatoriedade está incrustada na nossa vida corporativa, apesar de nosso desejo de controle.
Muitas coisas na vida corporativa podem ser incluídas no fator sorte, mas os gestores que você tem nela talvez sejam as menos percebidas, se você pegar um coach ou mentor menos vivido, correrá o risco de isso não ser considerado nos planos de carreira ou algo facilmente contornável. Minha experiência e de colegas diz que isso não é um simples obstaculo.
Na minha carreira corporativa, fui de estagiário a COO, ou seja, tive desde tutores a conselheiros como gestores. E posso com certeza afirmar que “os bons” me fizeram crescer como profissional e pessoa, e “outros” gestores foram só irrelevantes (devoradores de tempo) ou no pior caso desestabilizadores (devoradores de energia e tempo).
Então vou aproveitar para agradecê-los publicamente, deixe-me indicá-los aqui e contar um pouco sobre as pepitas que deixaram comigo, mas você pode pular esta parte, caso minha história particular não te interesse. (clique aqui para pular essa parte)
Agradecimento aos meus melhores gestores:
· Ao meu tutor de estágio Tabacow (não lembro do primeiro nome), desculpe por não te-lo ouvido sobre a importância de ter fontes de rendas adicionais ao trabalho, conselho muito sábio que demorei 30 anos para entender.
· Ao meu primeiro gestor e talvez o mais humano, de comportamento mais cristão (indiferentemente a religião) e cujo nome era um zoológico @Defim Pinto Carneiro, que me ensinou a perdoar e relevar a natureza das pessoas, só o entendi realmente após ver quanto isso faz diferença no gerenciamento de um time e na alma.
· Ao meu mais ambíguo gestor Daniel Miranda, que odiei pela situação que o colocou na posição que acreditava minha, mas que aprendi a respeitar e admirar pela sua capacidade de organizar, liderar e saber priorizar o que importava ou não. Particularmente a importância de se mostrar o que se faz.
· Ao Juan Sandoica, que muito acreditou em mim e me ensinou sobre a diferença entre capacidade e sorte, a respeitar aqueles que cresceram pela primeira e reconhecer os que tiveram muito da segunda como parte de sua situação.
· Ao hoje amigo Henrique Steinberg que me ensinou a buscar o melhor nas pessoas, de ter consistência lógica e de entender a importância da transição em todos os processos.
· Ao mestre Jan Ginneberge quem mais me ensinou, inspirou e permitiu aprender sobre educação corporativa e gerenciamento de talentos
· Ao chefe e mentor David Presley que me ensinou a importância de escolher as batalhas certas.
· Ao conselheiro empresarial Luis Augusto P Barretos, um exemplo de comportamento em ambiente extremamente politizado, algo que demorei demais para aprender
Logico que tive outros gestores, mas o da lista acima são os que ficaram na gaveta das boas memórias
Bom e maus gestores
O Ponto aqui é que durante a vida corporativa poderemos ter desde gestores ótimos dignos de prêmios até os que deveriam estar na cadeia. Do outro lado com certeza, ninguém e perfeito e às vezes o problema pode ser você e não seu gestor.
O que isso importa? É que gestores entram nas histórias de todos sem serem escolhidos pelos seus liderados e trazem desde grande crescimento até depressão profunda. Mesmo as melhores técnicas de assessment falham vezes ou outras. Então acrescente na sua lista de riscos e atrasos que muito provavelmente você terá maus gestores em algum instante.
Como coach vou te dizer que é a sua atitude que importa, e que você passará por isso de uma forma muito melhor se o seu “proposito” não for puramente reconhecimento ou crescimento de curto prazo.
Mas também não posso ocultar que um ambiente toxico, quando toda segunda-feira parece com um dia chuvoso de enterro, seja algo que alguém possa viver durante muito tempo sem consequências pessoais.
Então além de uma atitude corajosa e de propósitos maiores, o que pode ser feito?
Minhas sugestões:
a) Aceite haver dias de sol e dias de chuva, e que às vezes pode chover por um looooongo tempo. Parece estranho, mas a frase aceite que dói menos, é verdade em muitos casos.
b) Procure checar se a percepção é só sua ou é algo de todos. Dependendo do seu RH pode valer a pena conversar com eles, para eles analisarem mais a situação. Normalmente falar com o chefe do seu chefe, só quando existir confiança para tanto.
c) Seu chefe, como todo ser humano, pode estar passando por uma fase ruim ou não ter a devida experiência/competência para estar onde está, nesse caso e com muito tato uma boa conversa pode ajudar..., mas é preciso sondar a maturidade dele e a sua para saber se um diálogo real e não defensivo será possível.
d) Chefes intrinsecamente problemáticos e até maus-caracteres não são comuns, mas acontecem. E nesses casos não é uma questão de dias de sol ou chuvosos e sim de estar num pântano, não importa o dia. Nesse caso avalie sua resiliência e estratégia (pode ser coincidência, mas parece que maus chefes não ficam muito tempo em empresas boas) ou busque um lugar mais adequado a suas expectativas e valores.
e) Se você é que está chegando, verifique se o comportamento dele não é comum com o de outros gestores, pois você pode ter caído numa "empresa pântano", normalmente a rotatividade nessas empresas é alta mesmo quando pagam bem. Nesse caso ou você virá mais um jacaré , ou você liga para seu antigo chefe para dizer que se arrependeu…
De toda a forma boa sorte e aproveite, até os chefes horríveis podem ser tratados como desafios interessantes.
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